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CASO ARACELI

Por Isabella Scala


Hoje (18/05) completam 47 anos do assassinato da menina Araceli Cabrera Sánchez Crespo, um dos piores e mais brutais homicídios da história brasileira. Em 1980, dois suspeitos, Paulo Helal e Dante Michelini, foram condenados pelo assassinato, porém foram absolvidos em 1991 após reexame do processo judicial. O caso continua em aberto até hoje.


Araceli era filha de pais imigrantes. Gabriel Crespo, seu pai, era da Espanha e Lola Sánchez, sua mãe, é boliviana radicada no Brasil. A rua que a família vivia hoje leva o nome de Araceli em sua homenagem.


Em 18 de maio de 1973, Gabriel notou a falta de Araceli quando ela não voltou para casa depois da escola. Como pensou ser um sequestro, o pai começou a distribuir fotos da filha pela vizinhança.


Seis dias depois, o corpo da menina foi encontrado nos fundos do Hospital Infantil de Vitória. Uma das hipóteses criadas pela polícia foi de que a Lola teria mandado Araceli entregar um envelope para Jorge Michelini, tio de Dante, um dos suspeitos pelo seu assassinato. A promotoria defendeu que Araceli esperava ônibus quando Paulo Helal disse que estava indo levá-la para casa.


Ao ser levada pelos homens, ela teria sido drogada com barbitúricos, estuprada e assassinada. Foi comprovado pela perícia que ela foi mantida viva por dois dias no porão e no terraço do Bar Franciscano, o qual pertencia à família Michelini. Dante Michelini, pai de um dos acusados, sabia da presença da menina o tempo inteiro.


A tortura pela qual a menina passou foi agonizante. Os seus assassinos, além de a terem estuprado, dilaceraram seus seios, barriga e vagina com os dentes. Para dificultar a identificação do cadáver, os suspeitos jogaram ácido corrosivo em seu corpo.


Os suspeitos do crime vinham de famílias influentes. O pai de Dante era um latifundiário influente no regime militar que perdurava na época. A dupla era conhecida em Vitória por usar drogas e violentar sexualmente menores de idade. Eles também seriam responsáveis pela morte de um guarda de trânsito que os parou.


A mãe de Araceli também foi uma suspeita na sua morte. Muitos acreditavam na teoria que ela teria utilizado a filha como “mula” para entregar drogas para Jorge Michelini. Lola seria um contato no tráfico de cocaína proveniente da Bolívia. Ela voltou para a Bolívia alguns anos depois do assassinato, e se casou e teve mais dois filhos. Gabriel, o pai de Araceli, morreu no início da década de 2000.


Carlos Cabrera Crespo, irmão mais velho de Araceli, deu uma entrevista sobre o caso de sua irmã em 2016. Ele nega todas acusações de que a família tinha laços com os Michelini. "Acusaram essas pessoas o Paulo Helal e o Dante Michelini falando que a minha família, que a minha mãe conhecia sendo que a gente nunca tinha ouvido falar no nome dessas pessoas. A gente conhecia a loja dos Helal que ficava na Praça Oito e a avenida Dante Michelini. A gente nem sabia quem era essa pessoa. Meu pai era um operário, minha mãe era uma dona de casa", afirmou. Carlos mora no Canadá com sua esposa e filhos. Ele tinha 13 anos quando Araceli desapareceu.


Por mais que a dupla tenha sido condenada pelo juiz Hilton Silly em 1980, os advogados dos acusados recorreram à decisão e o caso voltou a ser investigado. O Tribunal de Justiça do Espírito Santo anulou a sentença e o caso passou para o juiz Paulo Copolilo, que investigou o caso por cinco anos e escreveu uma sentença de mais de 700 páginas absolvendo Paulo e Dante por falta de provas.


José Loureiro, autor do livro “Araceli, meu amor” conta que a investigação do caso ceifou a vida de 14 pessoas, desde possíveis testemunhas até pessoas interessados pelo caso. Ele conta que enquanto investigava o caso para escrever seu livro-reportagem, ele quase foi vítima de uma “queima de arquivos”. Um funcionário do hotel onde estava hospedado, que pertencia à família Helal, o avisou do perigo que passava.


Em 1998, cerca de 80 entidades se reuniram para o primeiro encontro da ECPAT, uma organização que luta pelo fim da exploração sexual e comercial de crianças e adolescentes, no Brasil. Rita Camata, então deputada federal capixaba e presidente da Frente Parlamentar pela Criança e Adolescente da Câmara dos Deputados, propôs um projeto de lei estabelecendo o dia da morte de Araceli como o Dia Nacional do Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. A data é comemorada todo ano em 18 de maio.


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