Por Andrezza Ferrigno
Dandara dos Santos foi espancada e executada a tiros em Fortaleza (CE), no dia 15 de fevereiro de 2017. O crime teve grande repercussão quando as imagens do espancamento foram divulgadas nas redes sociais. Ao completar 25 anos, Dandara foi morar em São Paulo, onde ficou por uma década, sendo aliciada à prostituição. Em 2008 quando retornou à Fortaleza, descobriu ser portadora de HIV. Ela morava no bairro conjunto Ceará, e trabalhava vendendo roupas usadas. Seu assassinato só se tornou público 16 dias após do ocorrido, quando dois vídeos viralizaram nas redes sociais. Em um deles é possível ver Dandara sozinha, machucada e sangrando. Ela está sentada numa área cimentada do calçamento e com uma camisa amarela na mão, que usava para limpar o sangue. Outras pessoas incitam por mais espancamento, mesmo ela pedindo para não apanhar mais. No outro vídeo mostra Dandara sendo torturada por três homens por não conseguir subir num carrinho de mão, devido ao estado em que estava. Ela recebia chutes e tapas na cabeça, sendo também agredida com um pedaço de madeira. Ao fim da gravação, cinco homens se juntam para colocar Dandara no carrinho de mão, levando ela para outro local. Após as agressões, ela recebeu dois tiros e uma forte pedrada na cabeça, falecendo por traumatismo craniano. Após a repercussão dos vídeos, o delegado Bruno Ronchi Vieira, declarou que envolvidos no crime foram identificados. O relatório do inquérito da Polícia Civil do Ceará afirmou que o crime teve participação de 12 pessoas, sendo oito adultos (Francisco José Monteiro de Oliveira Júnior, Jean Victor da Silva Oliveira, Rafael Alves da Silva Paiva, Júlio Cesar Braga da Costa, Isaías da Silva Camurça, Jonatha Willyan Sousa da Silva, Francisco Wellington Teles e Francisco Gabriel Campos dos Reis) e quatro adolescentes. Arlete Silveira informou que Dandara foi vítima de uma falsa acusação de que estava praticando roubos e furtos, e esses boatos se repercutiam entre os moradores, num tumulto uma pessoa gritou "pega ladrão", motivando as agressões e as humilhações. Ela caracterizou o ocorrido como crime de "preconceito, ódio e atordoamento" e também revelou que Dandara não tinha passagem pela polícia. Entre outubro de 2018 e janeiro de 2019, a policial civil Vitória Holanda escreveu o livro Casulo Dandara. Amiga de infância de Dandara, Vitória tomou a iniciativa de lançar o material por conta de comentários falsos na internet que atribuíam à travesti com facções criminosas e que também vendia drogas. O livro narra a trajetória de Dandara desde a infância até sua morte. Em 14 de dezembro de 2019, data em que a Dandara completaria 45 anos, o artista maranhense Rubem Robierb homenageou a travesti com uma escultura em uma praça em Tribeca (sul da ilha de Manhattan), EUA. Intitulada "Máquina de sonhos: Dandara".
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