Por Camille Santos e Nicolly Alves
Era 23 de maio de 2010 quando Mércia Mikie Nakashima, uma advogada de 28 anos, foi morta, pelo seu ex-namorado também advogado e policial militar Mizael Bispo de Souza, em uma represa em Nazaré Paulista, no interior de São Paulo.
Mércia foi vista pela última vez no mesmo dia, após um almoço na casa de sua família em Guarulhos. Segundo seus familiares, antes de sair a mulher teria recebido uma ligação de Mizael, e após isso, não receberam mais notícias.
Após dois dias sem saber o paradeiro de Mércia, a família decide iniciar as buscas por conta própria. Não obtendo sucesso, é realizado o registro de desaparecimento na Polícia Civil.
Durante a investigação feita pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Mizael foi considerado suspeito e assim chamado para depor, no entanto, acabou saindo sem dar seu depoimento. A pressa que apresentou ao sair da delegacia acabou chamando a atenção dos investigadores, ainda mais por ter esquecido seu documento de identidade.
Mizael foi convocado novamente para depor em 31 de Maio e, dessa vez contou sua versão. Ele confirmou que ligou para Mércia, mas que não havia conseguido falar com ela. Também afirmou que não fazia ideia do que podia ter acontecido com sua ex-namorada, já que, no dia do crime ele havia se encontrado com uma prostituta em Guarulhos, porém, essa mulher nunca apareceu para confirmar o álibi.
Nos dias 10 de junho, após uma denúncia anônima feita diretamente para a família, o carro de Mércia foi encontrado pelos bombeiros, submersos em uma represa em Nazaré Paulista, Interior de São Paulo.
O corpo de Mércia acabou sendo encontrado no dia seguinte, no mesmo local e foi identificado pelo seu pai e seu irmão, Márcio Nakashima, também advogado.
O laudo do Instituto Médico Legal (IML) indicou a causa da morte como afogamento, entretanto, Mércia teria sido baleada à curta distância dentro do carro, desmaiado e se afogado. A perícia também constatou que o freio do automóvel estava solto, o que acabou facilitando o carro de ser empurrado para dentro da represa.
Poucos dias depois, um pescador que estava na represa no dia do crime prestou um depoimento que acabaria por mudar o rumo da investigação. Ele disse que no dia 23 de maio, enquanto pescava na represa, escutou um grito enquanto um veículo submergia. O pescador também relatou que viu um homem alto, mas que não conseguiu identificar seu rosto.
Outras testemunhas também disseram ter visto Mizael conversando com o vigia Evandro Bezerra da Silva dias antes do crime. Evandro deixou o emprego depois do carro ser encontrado na represa e então passou a ser considerado suspeito. Ele teve sua prisão preventiva decretada em 25 de junho, e foi preso após tentar fugir para Sergipe.
Em seu depoimento, o vigia contou que combinou com Mizael de ir buscá-lo na represa no dia 23 de maio, após o mesmo ter pedido. No entanto, acabou mudando sua versão e negou ter qualquer envolvimento no crime mas, após ser preso definitivamente em 2012 acabou voltando atrás e contou a mesma história.
Mizael também foi preso de forma preventiva em 27 de julho de 2010 mas, assim como Evandro, saiu por meio do habeas corpus. A Vara do Júri de Guarulhos decretou no dia 7 de dezembro do mesmo ano, a prisão preventiva de Mizael e Evandro. Os suspeitos não foram encontrados e e entraram então para a lista de procurados da Polícia Civil ao serem dados como foragidos.
Em 24 de fevereiro de 2012 Mizael se entrega à polícia em Guarulhos, já Evandro é preso em 23 de junho, o julgamento acabou durando quatro dias e, no dia 15 de março, Evandro Bezerra foi sentenciado a 18 anos e 8 meses de reclusão. Mizael Bispo de Souza foi condenado a 20 anos de regime fechado pela morte de Mércia Nakashima. O advogado da família Nakashima recorreu a sentença, e a pena foi aumentada para 22 anos e 8 meses.
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