Por Gabriel Belic
Vamos imaginar que você vive em Ziebice – no antigo reino da Prússia – no século XX, entre os anos de 1903 e 1924. Você vai ao comércio do simpático rapaz que doava comida aos indivíduos em situação de rua, a fim de comprar alimento para sua família e um cinto em falta no seu guarda-roupa. O que você não esperava na história é que todos os itens comprados fossem de origem humana.
Karl Denke, o simpático rapaz empreendedor, teve uma infância problemática. Sua fuga de casa aos 12 anos demonstrou isso nitidamente. O conforto do ambiente da família rica que possuía não foi o suficiente para segurá-lo. Depois de fugir, decidiu se tornar aprendiz de jardineiro.
Aos 25 anos, o pai de Denke morreu, deixando ao rapaz uma herança que o permitiu comprar uma fazenda. Entretanto, o dinheiro e o empreendedorismo do jovem não foi o suficiente para mantê-la. Assim, vendeu tudo para comprar uma casa de dois andares em Ziebice e alugar uma loja ao lado. E é assim que o comércio macabro começa.
Karl era conhecido por ser um bom homem. Doava alimentos para aqueles que não possuíam abrigo, tocava órgão na igreja e carregava cruzes durante funerais. Além disso, quando encontrava com migrantes e andarilhos, oferecia sua casa como abrigo. É importante observar que os gestos de Karl Denke aconteciam em 1921, quando a Alemanha passava por uma crise econômica, aumentando significativamente o número de desabrigados.
Os migrantes e andarilhos nunca terminavam a sua jornada. Tampouco os indivíduos em situação de rua tinham chance de se empregar e, posteriormente, conseguir o seu próprio lar. Isso tudo porque Karl Denke os transformava nos produtos que vendia em seu comércio. A região, que passava por uma escassez de alimento, era repleta de pessoas que devoravam carne humana sem nem mesmo ter consciência disso.
Para a infelicidade do serial killer, foi atingido por um machado por uma de suas vítimas, que conseguiu escapar. Dessa forma, o Papa Denke – como Karl era conhecido pela comunidade – teve suas atrocidades descobertas. Karl foi preso e tentou usar da sua imagem de bom cidadão para se livrar das acusações. Entretanto, Karl sabia que seria condenado e, por isso, se enforcou em sua própria cela.
Na véspera do natal de 1924, o assassino teve seu apartamento revistado. A casa, infestada pelo cheiro de vinagre – utilizado como ingrediente de conservação –, possuía roupas ensanguentadas e várias pilhas de ossos.
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