Por Isabella Scala
Em 2 de junho de 2002, Tim Lopes recebeu notícia que haveria um baile funk na favela da Vila Cruzeiro em que os traficantes estavam promovendo prostituição infantil.
Dias antes, Tim havia confidenciado a seus amigos que estava cansado da violência e agitação na cidade e queria se mudar para uma área rural para descansar e se recuperar.
Os moradores da região disseram que não podiam ir para a polícia para conseguirem ajuda, então procuraram Tim. "Tim Lopes foi chamado porque não havia ninguém para ouvir seus problemas. A comunidade contou muitas vezes à polícia e nada foi feito", contou Nassif Elias Sobrinho, presidente do sindicato de jornalistas do Rio.
Antes de ir para o baile funk investigar, Tim foi ao shopping comprar uma mini-câmera que ele poderia usar escondido.
Uma vez dentro da favela, Lopes foi abordado por dois traficantes, André da Cruz Barbosa e Maurício de Lima Matias, que eram parte da facção que controlava a Vila Cruzeiro e grande parte do Complexo do Alemão. Os traficantes eram conhecidos pelos seus apelidos: André Capeta e Boizinho. Lopes foi descoberto quando alguém relatou ter visto uma luz vermelha saindo do lugar onde sua câmera estava escondida e avisou aos traficantes.
Tim afirmou ser um jornalista da Rede Globo, mas não tinha como comprovar pois havia deixado suas credenciais no escritório. André Capeta e Boizinho chamaram Elias Maluco, o chefe do narcotráfico da área, e foram instruídos a levarem Tim até o topo da Grota, onde Elias estaria esperando. Antes de colocarem Tim no porta-malas do carro, os traficantes atiraram nos pés de Tim e amarraram suas mãos atrás das costas.
Ao chegarem no seu destino, os traficantes amarraram Tim em uma árvore e queimaram seus olhos com cigarros. Elias Maluco, usando uma espada de samurai, cortou as mãos, braços e pernas de Tim enquanto ainda estava vivo.
O corpo de Tim foi colocado dentro de pneus e incendiado, num processo conhecido como “micro-ondas”.
O detetive Daniel Gomes soube que Tim havia chegado na favela antes de ter desaparecido. Antes de entrar na Vila Cruzeiro, Lopes tinha combinado que alguém o esperasse em um carro, fora da favela, para lhe dar uma carona para casa. Quando o tempo predeterminado para se encontrar naquela noite veio e se foi, o motorista continuou a esperar até a meia-noite. A Rede Globo esperou 11 horas antes de entrar em contato com a polícia.
Quando Gomes foi para a Vila Cruzeiro investigar, ele ouviu dizer que um homem havia sido espancado por traficantes e levado para os “micro-ondas”. Depois disso, Gomes seguiu para a área onde Tim havia sido assassinado.
Uma vez lá, Gomes encontrou restos mortais e sangue. Porém, por meio de testes de DNA, foi descoberto que não eram de Lopes.
Dois dias depois do crime, dois traficantes da gangue de Elias Maluco foram presos e afirmaram que havia sido Elias que matou Tim, e deram detalhes da morte do jornalista.
Em 11 de junho, através de uma denúncia anônima, os detetives do caso foram levados para um túmulo secreto, onde encontraram diversos restos mortais, incluindo restos da costela de Lopes. Também foi encontrado o relógio de Tim, seu crucifixo, a câmera escondida que ele usava e restos de uma espada de samurai.
Nove traficantes foram presos pela morte de Tim Lopes: Elias Maluco, André Capeta, Ratinho, Boizinho, Xuxa, Zeu, Primo, Cadê e Frei.
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